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Ser católico é praticar! “Achar bonito” ou “apenas se identificar com algumas partes dessa religião” não é ser católico, é ser “simpatizante do catolicismo”

Muitas pessoas que se dizem católicas enxergam o catolicismo da seguinte forma: uma loja self-service na qual a pessoa entra, pega um livro em branco para anotações, intitulado de “Faça você mesmo o seu Catecismo” e começa a andar por ela observando as prateleiras, onde se encontram os mais variados produtos (conjuntos de textos que versam sobre normas de conduta e doutrinárias) dos quais se escolhe os que se quer e coloca-se no livrinho. Dessa forma, se pode ir, por exemplo, na seção “10 Mandamentos” e escolher os mandamentos que se quer, excluir os que não se quer, modificar o conceito de alguns (como, por exemplo, dizer que aborto e eutanásia não se incluem no “não matar”), alterar doutrinas e assim montar um catolicismo ao gosto do usuário. Veja que cômodo! E no final você ainda recebe uma cartilha intitulada “Como reinterpretar os documentos da Igreja”! No final das contas temos vários católicos, só que cada um a “seu jeito” e dessa forma surgem as mais variadas doutrinas que se dizem católicas, culminando no aparecimento do famigerado “católico não-praticante”.

Isso pode causar uma impressão boa, afinal é graças a essas pessoas que o catolicismo é a religião com o maior número de fieis no mundo, certo? ERRADO! Esse tipo de atitude acaba manchando a imagem daqueles verdadeiros católicos que lutam para levar uma vida virtuosa, alicerçada sobre a verdadeira moral ensinada por Deus, através dos escritos seu povo e das palavras do Filho do Homem, Cristo Jesus. É por conta desse tipo de pensamento que o catolicismo é criticado por várias denominações, cristãs ou não, como a religião do “tudo pode”, do “Cristo light”, que é amor puro e que salva todo mundo sem restrições, esquecendo que Deus, além de amor é também justiça, que dá a cada um aquilo que merece de acordo com seus atos! E o pior de tudo é que essas pessoas e grupos que levam indignamente o nome de católicos (Teologia da Libertação, Católicas pelo Direito de Decidir, etc.) acabam criando rupturas dentro da Igreja. Arrastam uma multidão de fieis com suas ideologias estranhas ao Evangelho, criticando aqueles que buscam viver os ensinamentos de Cristo na sua forma mais pura e verdadeira. O próprio Papa, a quem esses tais fieis no mínimo deveriam respeitar, é criticado severamente, tudo isso por procurar preservar a Doutrina e a Tradição transmitida pelos apóstolos e primeiros cristãos durante os séculos até os dias de hoje e que são reflexo de um Deus imutável e, portanto, devem permanecer da mesma forma: imutáveis!

SER CATÓLICO É SER PRATICANTE

Sou católico vivo a minha fé

É muito comum ouvir pessoas se auto-proclamando como “católicos não-praticantes”, mas aqui cabe a pergunta: o que é ser um católico não-praticante? Essa questão não é difícil de responder, pois muitos de nós já passamos por uma fase assim. Católico não-praticante é aquele que diz seguir o catolicismo, não por viver a fé da Igreja, mas simplesmente porque acha a religião bonitinha, porque foi batizado, porque a família é católica, ou até mesmo pra não dizer que não tem religião, porém dificilmente, ou mesmo nunca, vemos essas pessoas freqüentando as atividades eclesiásticas, principalmente as missas. Em alguns casos até vemos, mas se analisarmos bem as crenças individuais de cada um, perceberemos que fazem parte do grupo dos católicos que visitaram a loja self-service citada no início do texto e que montam sua própria versão da Doutrina Católica. E aqui cabe mais uma pergunta, dessa vez um pouco mais complicada, e também bem mais polêmica: isso é realmente ser católico?

Toda a crença, seja ela qual for, possui um corpo de normas que guiam todos aqueles que aderem a ela. Quando imaginamos um judeu ortodoxo, por exemplo, automaticamente pensamos em alguém que não come carne de porco, que guarda os sábados e que não crê que Jesus é o Messias, dentre outras regras que regem a religião judaica. Caso haja algum grupo de judeus que tenha alguma regra ou crença diferente do grupo descrito acima, a primeira coisa que este faz é se diferenciar, determinando quais as normas e crenças que irão seguir, dando vida, assim, a um novo “clã” (um exemplo são os judeus messiânicos, que crêem que Jesus é realmente o messias, mas continuam vivendo de acordo com os costumes judaicos). Veja que, neste caso, temos dois grupos diferentes que professam dois credos diferentes, mas que, independente disso, continuam PRATICANDO SUA FÉ que é guiada por um corpo de normas que DEVE SER SEGUIDO. Da mesma forma, existem os Católicos Apostólicos Romanos, que seguem o papa, e os Católicos Ortodoxos, que não o seguem. Cada um deles tem seu próprio corpo de normas que DEVEM SER SEGUIDAS POR TODOS OS FIEIS das respectivas religiões, de modo que UM NÃO SE CONFUNDE COM O OUTRO!! Não é isso que vemos nos ditos “católicos” não-praticantes.

Diz o Catecismo da Igreja Católica:

 “O Magistério da Igreja faz pleno uso da autoridade que recebeu de Cristo quando define dogmas, isto é, quando propõe, dum modo que obriga o povo cristão a uma adesão irrevogável de fé, verdades contidas na Revelação divina ou quando propõe, de modo definitivo, verdades que tenham com elas um nexo necessário” (CIC 88)

Em outras palavras, o Magistério da Igreja Católica* é dotado de infalibilidade quando trata de matérias de fé e moral, o que implica na aceitação incondicional dos dogmas e ensinamentos proclamados por ela por todos os católicos. Essa é uma regra fundamental da Igreja de Cristo, a qual todos aqueles que querem verdadeiramente praticar o catolicismo devem seguir, o que de fato se espera de qualquer fiel de qualquer religião: que ele siga o que a sua religião ensina. Mas o que ocorre com os “católicos não-praticantes” é que, apesar de se afirmarem como Católicos Apostólicos Romanos, simplesmente ignoram este ensinamento e qualquer outro que não seja de seu agrado!

Há muitos no mundo que se dizem católicos, mas que não concordam com os ensinamentos do Papa e do Magistério; outros se dizem católicos, mas são a favor do aborto e da eutanásia, práticas agressivamente condenadas pela Igreja (e que atentam contra a vida e, portanto, contra o quinto mandamento: não matar); os que se dizem católicos, mas aderem a teologias de cunho “libertário” que se misturam ao marxismo, ideologia materialista e atéia; os que se dizem católicos, mas negam a autoridade e a hierarquia da Igreja, não crêem na Eucaristia e/ou desacreditam dos milagres de Jesus e de qualquer milagre; os que se dizem católicos, mas muitas vezes nem sequer pisam numa Igreja, entregando-se de corpo e alma a prazeres carnais e mundanos! Tudo isso acaba criando uma confusão extrema na cabeça daqueles que estão “do lado de lá”, passando a ideia de que para os católicos tudo é permitido!

Entretanto ser católico não significa que nós não podemos as vezes ter dúvidas sobre os dogmas e buscar explicações claras que os atestem como verdadeiros, pois é justamente a partir de dúvidas bem elucidadas que a Verdade de Deus nos é revelada. Essas dúvidas, assim, são transformadas em certezas e fortalecem ainda mais a nossa fé. Porém só uma busca em fontes confiáveis e com a sincera intenção de conhecer a Verdade é que pode responder a esses possíveis questionamentos de forma satisfatória. Uma resposta que só é possível de se encontrar em Nosso Senhor Jesus Cristo, que encarregou a Sua Igreja, a Igreja Católica, de transmitir essa Verdade revelada por Deus. No final das contas, as pesquisas e respostas que um católico sincero venha a buscar sempre vão acabar o conduzindo à aceitação dos ensinamentos da Igreja.

O problema, porém, é que é cada vez mais comum que ao invés de buscar a Verdade Absoluta, as pessoas procurem criar suas próprias verdades que sejam compatíveis ao estilo de vida que querem ter, transformando o absoluto em relativo, revertendo a ordem natural das coisas, transformando a religião (que deveria ser o meio pelo qual Deus se revela ao ser humano, criado a Sua imagem e semelhança) em um meio de moldar um deus que seja a imagem e semelhança do homem. Dessa forma, não é Deus que é adorado e glorificado, mas o próprio ser humano.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

santissimo

Levando em consideração o que foi dito aqui, a resposta para a pergunta “ser católico não-praticante é realmente ser católico?” é um categórico não! Lógico que com isso não se quer dizer que essas pessoas devem ser proibidas de pisar numa igreja e ser expulsas de todo o convívio eclesiástico. Deve-se deixar que elas mergulhem cada vez mais na vida da Igreja, mas sempre com o intuito de assim facilitar o acesso ao conhecimento da Verdade, pois esse é o nosso trabalho enquanto servos de Deus: levar a Verdade ao mundo, pois Ela é capaz de libertar (cf. São João 8,32).

Ser católico (o que automaticamente implica ser praticante) tampouco significa ser perfeito, entender tudo, saber de todas as coisas e ter a bíblia inteira na ponta da língua. Porém, praticar sua religião é buscar essa perfeição todos os dias (buscar estar o mais próximo à santidade), buscar conhecimento sobre Deus e a sua própria igreja. Buscar corrigir os erros, melhorar nos pontos de fraqueza, tentar todos os dias se livrar daqueles pecados que mais nos custam e nunca deixar de lutar. “Não há outra questão, quando se é cristão não se para de lutar!” (trecho da música “Viver pra mim é Cristo”).

O intuito nesse texto não é de criar mais divisões e atacar pessoas, mas apenas demonstrar o erro que permeia o pensamento moderno a respeito do que é sagrado e levar as pessoas que possuem pensamentos semelhantes aos expostos aqui a refletir mais a respeito do que pensam e sobre a forma que agem. O objetivo aqui é desmascarar ideologias e não atacar pessoas. Reconhecemos que, independente do que foi dito, muitas pessoas continuarão não querendo se sujeitar às regras do catolicismo, e isso é algo natural, afinal todos são livres para pensar o que quiserem, mas para essas pessoas fica aqui um sincero conselho: é lícito gostar do catolicismo e simpatizar com ele, nisso não há problema algum, porém isso não é ser católico. Sejam honestos consigo mesmos e não se auto-proclamem católicos sem que de fato o sejam.

maria-e-menino-jesus

Fiquem com Deus e que Maria os guie pelo caminho que leva a Jesus!

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* Magistério deriva da do latim “Magister”, que significa “mestre/professor”. O Magistério da Igreja Católica é o organismo responsável por levar aos fieis os ensinamentos e doutrinas legítimas do cristianismo, sendo representado pelo grupo dos Bispos em união com o papa, que são os sucessores legítimos dos apóstolos, sendo aqueles responsáveis por transmitir através dos séculos os ensinamentos destes, que por sua vez os receberam do próprio Cristo.